quinta-feira, novembro 01, 2012

Superando os obstáculos

Um famoso mestre sufi foi convidado para dar um curso na Califórnia. O auditório estava repleto às 8 da manhã – hora marcada para começar – quando um dos assistentes subiu ao palco. “O mestre está acordando agora. Tenham paciência”. O tempo foi passando, e as pessoas abandonando a sala. Ao meio-dia, o assistente voltou ao palco, dizendo que o mestre daria a palestra assim que terminasse de conversar com uma bela menina que encontrara. Grande parte da plateia saiu. As quatro da tarde, o mestre surgiu – aparentemente alcoolizado. Desta vez, quase todos saíram; ficaram apenas seis pessoas. “Para vocês eu ensinarei”, disse o mestre, parando de representar o papel de bêbado. “Quem deseja percorrer um caminho longo, tem que aprender que a primeira lição é superar as decepções do início”.

Amaldiçoando

Um feiticeiro mexicano conduz seu aprendiz pela floresta. Embora mais velho, ele caminha com agilidade, enquanto seu aprendiz escorrega e cai a todo instante. O aprendiz blasfema, levanta-se, cospe no chão traiçoeiro, e continua a acompanhar seu mestre. Depois de longa caminhada, chegam a um lugar sagrado. Sem parar, o feiticeiro dá meia-volta e começa a viagem de volta. “Você não me ensinou nada hoje”, diz o aprendiz, levando mais um tombo. “Ensinei sim, mas você parece que não aprende”, responde o feiticeiro. “Estou tentando lhe ensinar como se lida com os erros da vida”. “E como lidar com eles?” “Como deveria lidar com seus tombos. Ao invés de ficar amaldiçoando o lugar onde caiu, devia procurar aquilo que provocou a queda”.

O desenho que seduzia

Um grande sábio sufi passou anos meditando sobre a vida. Para dividir seu conhecimento, fez um desenho numa folha de papel, e mostrou aos seus discípulos. Os seguidores do sábio sufi ficaram tão impressionados com a beleza do trabalho, que mandaram imprimir o desenho numa placa de bronze. Logo a noticia se espalhou, e começaram a vir peregrinos do mundo inteiro, para decifrar cada linha do desenho. Em poucos anos, as pessoas passaram a adorar a placa de bronze, corno se fosse sagrada. “Não é desta maneira que a beleza deve ser vista”, disse o sábio, decepcionado. “Ela deve ajudar o homem a compreender os mistérios de Deus, mas não pode ser a razão da vida”. Imediatamente mandou fundir a placa, e transformou- a em um caldeirão. “Pelo menos, desta maneira o bronze ainda continua belo, mas não perde o seu significado”.

A tentação do justo

Um grupo de demônios procurava entrar na alma de um homem santo que vivia perto do Cairo; já o haviam tentado com mulheres da Núbia, comidas do Egito, tesouros da Líbia, mas nada havia dado resultado. Um dia, Satanás ia passando, e viu o esforço de seus servos. - Vocês não entendem nada – disse Satanás. – Não utilizaram a única tentação que ninguém resiste; vou ensiná-los. Aproximando-se do homem santo, sussurrou em seus ouvidos: - Lembra do padre que estudou com você? Acaba de ser nomeado Bispo de Alexandria. Na mesma hora, o homem santo teve um ataque de raiva, e blasfemou contra a injustiça, a de Deus. - Da próxima vez, usem logo esta tentação – disse Satanás aos servos. – Um homem pode resistir a quase tudo, mas sempre tem inveja da vitória do seu irmão.

Dar também um pouco

Um grupo de estudantes uruguaios estava reunido numa casa de campo, quando o caseiro chegou – contando uma tragédia nas redondezas: uma casa incendiou-se, deixando mãe e filha desabrigadas. Imediatamente, uma das estudantes iniciou uma coleta, para ajudar a família a reconstruir sua casa. Entre os presentes estava um escritor pobre, e a moça resolveu não lhe pedir nada. “Um momento”, disse o escritor, quando ela ia passando adiante. “Também quero contribuir”. No minuto seguinte, escreveu em um papel o que havia acontecido, e colocou-o dentro do pote que estava sendo usado para arrecadar o dinheiro. “Quero dar a todos esta tragédia. Que ela seja sempre lembrada quando pensarmos nos pequenos incidentes de nossas vidas”.

Fugindo do leão

Um grupo de monges – entre eles o grande abade Nicerius – passeava pelo deserto egípcio quando um leão surgiu diante deles. Apavorados, todos se puseram a correr. Anos depois, quando Nicerius estava em seu leito de morte, um dos monges resolveu perguntar: “Abade, lembra-se do dia que encontramos o leão?” Nicerius fez um sinal afirmativo com a cabeça. “Foi a única vez que o vi ter medo”, continuou o monge. “Mas eu não tive medo do leão”. “Então por que correu junto com a gente?” “Achei melhor fugir uma tarde de um animal, que passar o resto da vida fugindo da vaidade”.

A menor constituição do mundo

Um grupo de sábios judeus reuniu-se para tentar criar a menor Constituição do mundo. Se alguém fosse capaz de definir – no espaço de tempo que um homem leva para equilibrar-se em um só pé – as leis que deviam reger o comportamento humano, este seria considerado o maior de todos os sábios. “Deus pune os criminosos”, disse um. Os outros argumentaram que isto não era uma lei, mas uma ameaça; a frase não foi aceita. “Deus é amor”, comentou outro. De novo, os sábios não aceitaram a frase, dizendo que ela não explicava direito os deveres da humanidade. Neste momento, aproximou-se o rabino Hillel. E, colocando-se num só pé, disse: “Não faça com seu próximo aquilo que você detestaria que fizessem com você; esta é a Lei. Todo o resto é comentário jurídico”. E o rabino Hillel foi considerado o maior sábio de seu tempo.

Porque deixar o homem para o sexto dia

Um grupo de sábios reuniu-se num castelo em Akbar, para discutir a obra de Deus; queriam saber por que havia deixado para criar o homem no sexto dia. “Ele pensava em organizar bem o universo, de modo que pudéssemos ter todas as maravilhas a nossa disposição”, disse um. “Ele quis primeiro fazer alguns testes com animais, de modo a não cometer os mesmos erros conosco”, argumentou outro. Um sábio judeu apareceu para o encontro. O tema da discussão lhe foi comunicado: “na sua opinião, por que Deus deixou para criar o homem no último dia?” “Muito simples”, comentou o sábio. “Para que, quando fossemos tocados pelo orgulho, pudéssemos refletir: até mesmo um simples mosquito teve prioridade no trabalho Divino”.