quarta-feira, dezembro 19, 2007

Da delicadeza com a humanidade


Quando Buda morreu e chegou às portas do Paraíso, uma multidão já o estava esperando. Abriram os portões, cantaram hinos em seu louvor, mas ao invés de entrar, Buda fez sinal de que queria voltar para a Terra.

“Entre, estamos ansiosos pela sua presença”, disse uma das almas iluminadas.

“Como posso entrar em um lugar que muitos homens ainda não tiveram o privilégio de conhecer?”, perguntou Buda. “Como posso entrar se o resto do mundo ainda não entrou?”

“Prefiro ficar aqui, e esperar pelo resto da humanidade; a grande alegria de um ser humano é poder compartilhar, com delicadeza, a sua felicidade com os outros”.

Pensando no Futuro


ando jovem, Abin-Alsar escutou uma conversa do seu pai com um dervixe.

“Cuidado com suas obras”, disse o dervixe. “Pense na maneira como elas vão afetar as gerações futuras”.

“O que eu tenho a ver com as gerações futuras?”, respondeu o pai. “Nunca vou conhecê-las; quando eu morrer, tudo estará acabado, e não me importa o que dirão meus descendentes”.

Abin-Alsar jamais esqueceu a conversa.

Durante toda a sua vida, esforçou-se para fazer o bem, ajudar as pessoas, executar seu trabalho com entusiasmo. Tornou-se um homem conhecido por sua preocupação com os outros; ao morrer, tinha deixado um grande número de obras, que melhoraram consideravelmente o nível de vida de sua cidade.

Em seu túmulo, mandou gravar o seguinte epitáfio: “uma vida que termina com a morte, é uma vida que não valeu a pena”.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Das Artes


“Pintar é uma arte. E a arte não é um trabalho sem conseqüências, mas um poder que deve ser dirigido para o crescimento da alma. Se a arte não realiza este trabalho, o abismo que nos separa de Deus permanece sem uma ponte”.

“O artista tem um débito para saldar: o seu talento. Para isto, precisa trabalhar duro - e saber que ele é livre em sua arte, mas não em seu compromisso com a vida. Tudo o que ele sente e pensa é parte da matéria prima com que irá melhorar a atmosfera espiritual a sua volta. Embora seja um sacerdote da Beleza, esta Beleza não pode ser vazia: precisa servir ao homem”.

“A arte é como uma luva; a alma é como a mão que preenche a luva, e lhe dá forma e sentido”.

E, sobretudo, tendo coragem


Para conseguirmos encarar este novo momento da humanidade, para permitir que as idéias novas tenham espaço e que a energia da Terra seja renovada, é preciso coragem. Coragem para enfrentar os preconceitos. Coragem para ser justo.

Coragem para entender que tudo aquilo que fazemos afeta a história do mundo. Coragem para dar passos em direção ao desconhecido, mesmo sabendo que vamos errar de vez em quando.

Deus já fez a sua parte, ao nos criar e nos colocar no mundo; agora Ele nos contempla com carinho, e pede que façamos a nossa.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Respeitando o limite


Os monges de Sceta reuniram-se sob a orientação do abade Paulus.

“Começaremos hoje um jejum”, disse Paulus. “E só terminaremos quando estivemos prontos para ter a visão de um anjo”.

Durante vários dias, os monges só bebiam água e rezavam. Estavam tão animados com a proposta de Paulus, que não sofriam com a fome. Até que, no final da primeira semana, um velho monge começou a passar mal. Paulus percebeu que o homem ia morrer, e decidiu interromper imediatamente o jejum.

Neste momento, um anjo apareceu para o grupo, e disse: “é importante que vocês entendam o sentido da disciplina e do sacrifício. Mas é melhor ainda que conheçam os limites da natureza. Não é preciso violar este limite para conseguirem o que desejam”.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

A outra mulher




Eva passeava pelo Jardim do Éden, quando a serpente se aproximou.

“Coma esta maçã”, disse a serpente.

Eva, muito bem instruída por Deus, recusou.

“Coma esta maçã”, insistiu a serpente, “porque você precisa ficar mais bela para o seu homem”.

“Não preciso” respondeu Eva, “porque ele não tem outra mulher além de mim”.

A serpente riu: “Claro que tem”.

E como Eva não acreditava, levou-a até o alto de uma colina, onde existia um poço.

“Ela está dentro desta caverna. Adão escondeu-a ali”.

Eva debruçou-se e viu refletida na água do poço uma linda mulher. Na mesma hora, sem titubear, comeu a maçã que a serpente lhe oferecia.

Permita-se mudar de opinião




Não procure ser coerente o tempo todo. Afinal, são Paulo disse que “a sabedoria do mundo é loucura diante de Deus”.

Ser coerente é usar sempre a gravata combinando com a meia. É ser obrigado a ter, amanhã, as mesmas opiniões que tinha hoje. E o movimento do mundo - onde fica?

Desde que você não prejudique ninguém, mude de opinião de vez em quando, e caia em contradição sem se envergonhar disso.

Você tem este direito. Não importa o que os outros pensem - porque eles vão pensar de qualquer maneira.

Por isso, relaxe. Deixe o Universo se movimentar à sua volta, descubra a alegria de ser uma surpresa para você mesmo. “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios”, diz são Paulo.

Compartilhando Idéias


O reverendo Richard Halverson diz que podemos compartilhar nossas idéias de duas maneiras: como se fossem flechas ou sementes.

“Idéias-flechas” normalmente são utilizadas por professores, patrões, gente que tem pressa ou que acredita saber tudo. Vão direto ao coração e terminam matando a curiosidade e neutralizando a iniciativa das pessoas.

As “idéias-flechas” são rapidamente colocadas em prática, e logo esquecidas.

As “idéias-sementes” são as que a vida nos oferece, através das escolhas que fazemos: quando nos permitimos ficar comovidos com algo, lemos um livro que não fomos obrigados a ler, assistimos sem pressa a um belo pôr-do-sol, conversamos com alguém sobre um assunto que realmente nos interessa.

As “idéias-sementes” não se fazem notar logo, mas crescem com raízes profundas e se transformam em realidade.

O lavrador e o sábio


O sábio indiano Narada pediu que Deus lhe mostrasse um homem amado por Ele. O Senhor aconselhou-o a procurar certo lavrador.

- O que você faz para que o Senhor lhe ame tanto? - perguntou Narada ao lavrador, quando encontrou-o.

- Digo Seu nome de manhã. Trabalho o dia inteiro, de noite divirto-me um pouco e digo de novo o Seu nome antes de dormir.

- Só isso?

- Só isso.

“Acho que errei de homem”, pensou Narada. Naquela noite, ele teve um sonho: O Senhor aparecia pedindo:

“Encha uma tigela de leite, vá até a cidade e volte - sem derramar uma gota sequer”.

Na manhã seguinte Narada - acostumado a seguir os sinais - fez o que o Senhor lhe ordenava. E de noite, teve outro sonho, onde Deus aparecia perguntando:

“Quantas vezes você pensou em mim, enquanto carregava o leite?”

“Como podia pensar no Altíssimo? Estava preocupado para não derramar o conteúdo da tigela!”

“Uma simples tigela fez você Me esquecer. E o lavrador, como todos os seus afazeres e com sua diversão noturna, pensa em Mim duas vezes ao dia”.