sexta-feira, novembro 30, 2007

O rei e a deusa


O rei Sivi era um homem bom, e a deusa Raky resolveu testá-lo. Pediu a uma pomba que voasse até o quarto do rei, transformou-se em um falcão, e foi caçar a pomba diante dos olhos de Sivi.

“Não faça isto!”, ele pediu.

“Por que não farei?”, perguntou o falcão. “Meu alimento é carne fresca. O senhor quer subverter a natureza?”

“Você tem razão”, disse Sivi. “Então aceite minha carne fresca”.

Sacou um punhal que trazia na cintura, preparou-se para cortar uma parte de seu braço e oferecê-lo ao falcão, que neste momento voltou a transformar-se em Raky.

“Um homem bom sempre vai a extremos para provar suas qualidades”, disse a deusa. “Quando morreres, habitarás nosso reino”.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Da bondade


“não é preciso uma experiência mística para descobrir que o mundo é bom”.

Basta perceber as coisas belas e simples que existem a nossa volta, ver as gotas de chuva escorrendo na vidraça, acordar de manhã e descobrir que o sol brilha, escutar alguém rindo.

Agindo assim, o mundo deixa de ser uma ameaça. Passamos a nos dar conta que somos capazes de notar o milagre da vida, e aceitamos a sensibilidade e o amor que existe em nossa alma.

Se formos capazes de ver o que é belo é porque somos também belos – já que o mundo é um espelho, e devolve a cada homem o reflexo de seu próprio rosto.

Embora sabendo nossos defeitos e limitações, devemos fazer o possível para conservar a esperança e bom humor. Afinal de contas, o mundo está se esforçando para nos ajudar, mesmo que a gente esteja achando o contrário.

quarta-feira, novembro 28, 2007

Sobre o despertar


“É melhor um único momento de compreensão neste mundo, que toda a eternidade no mundo que virá. E é melhor um único momento de paz interior neste mundo, que toda a eternidade em paz”.

Por quê?

“Um simples momento de compreensão neste mundo traz em si a própria eternidade. E a paz que encontraremos no mundo que virá está presente em cada minuto de paz nesta vida”.

terça-feira, novembro 27, 2007

Khrisna e o menino




A viúva de uma pobre aldeia em Bengala não tinha dinheiro para pagar o ônibus para seu filho, de modo que o garoto, quando foi matriculado num colégio, iria ter que atravessar, sozinho, uma floresta. Para tranqüilizá-lo, ela disse:

- Não tenha medo da floresta, meu filho. Peça ao seu Deus Krishna para acompanha-lo. Ele escutará sua oração.

O garoto fez o que a mãe dizia. Krishna apareceu e passou a leva-lo todos os dias à escola.

Quando chegou o dia do aniversário do professor, o menino pediu à mãe algum dinheiro para levar-lhe um presente.

- Não temos dinheiro, filho. Peça ao seu irmão Krishna para arranjar um presente.

No dia seguinte, o menino contou seu problema a Krishna. Este lhe deu uma jarra cheia de leite.

Animado, o menino entregou a jarra ao professor. Mas, como os outros presentes eram mais bonitos, o mestre não deu a menor atenção.

- Leva esta jarra para a cozinha - disse o professor para um assistente.

O assistente fez o que lhe fora mandado. Ao tentar esvaziar a jarra, porém, notou que ela tornava a encher-se sozinha. Imediatamente, foi comunicar o fato ao professor que, aturdido, perguntou ao menino:

- Onde arranjou esta jarra, e qual é o truque que a mantém cheia?

- Quem me deu foi Krishna, o Deus da floresta.

O mestre, os alunos, o ajudante, todos riram.

- Não há deuses na floresta, isto é superstição! - disse o mestre.

- Se ele existe, vamos lá fora para vê-lo!

O grupo inteiro saiu. O menino começou a chamar por Krishna, mas este não aparecia. Desesperado, ele fez uma última tentativa:

- Irmão Krishna, meu mestre quer vê-lo. Por favor, apareça!

Neste momento, escutou-se da floresta uma voz que ecoou por todos os cantos:

- Como é que ele deseja me ver, meu filho? Ele nem sequer acredita que eu existo!

Riqueza no outro mundo




O pastor gostava de pregar, em sua congregação, sobre a importância da pobreza. Segundo ele, o Evangelho dizia que as pessoas ricas neste mundo seriam condenadas à miséria depois da morte, e baseado neste argumento, pedia cada vez mais dinheiro aos fiéis.

Certo dia, um membro de sua congregação pediu para encontrá-lo depois do ofício religioso. Assim que estavam a sós, disse o homem:

“É verdade que aquele que é pobre neste mundo, será rico no Paraíso?”

“Claro que sim”.

“Como a igreja é rica, e eu sou pobre, estou precisando de 10 moedas de ouro. Quando for rico nos céus, eu pagarei minha dívida”.

Sem hesitar, o pastor tirou 10 moedas de ouro do cofre da sacristia. Entretanto, antes entregá-las, perguntou:

“O que pretende fazer com este dinheiro?”

“Vou dar início a uma empresa”.

O pastor tornou a colocar as moedas no cofre, dizendo: “como você é um homem capaz, trabalhará muito, terá lucro em sua empresa, vai terminar ficando rico. Conseqüentemente, será pobre depois de sua morte, e não terá como pagar seu débito; desta maneira, é melhor deixar as coisas como estão”.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Vento, areia, estrelas...


É difícil descrever o que se passa em minha alma. Olho para o céu vejo milhares de estrelas soltas pelo universo, enquanto eu permaneço preso a estas areias.

Mas, embora meu corpo esteja aqui, um pouco de mim é capaz de viajar por este céu, e levar-me a mundos desconhecidos. Então, vejo que meus sonhos são tão reais e concretos como estas dunas, esta lua, estas coisas que me cercam.

Meus sonhos permitem que eu crie e habite num reino mais poderoso que este império francês. Eles vão me ajudar a construir o futuro, uma casa – porque a beleza das casas não reside no fato de que são feitas para abrigarem homens, mas na maneira em que são concebidas.

No dia em que eu construir minha casa, quero que ela consiga dizer algo. Que ela seja um sinal, um símbolo. Deixarei que a casa de meus sonhos surja do meu interior, como a água surge da fonte, ou a lua do horizonte”.

Da traição




O profeta caminhava pela rua, perguntando: “não somos todos filhos do mesmo Pai Eterno?”. A multidão concordava. E o profeta continuava: “e se é assim, por que traímos nosso irmão?”.

Um garoto que assistia, perguntou ao pai: “o que é trair?”

“É enganar o seu companheiro de luta, para conseguir determinada vantagem”, explicou o pai.

“E por que traímos nosso companheiro?”, insistiu o garoto.

“Porque, no passado, alguém começou isto. Desde então, ninguém soube como parar a roda. Estamos sempre traindo ou sendo traídos”.

“Então não trairei ninguém”, disse o garoto.

E assim fez. Cresceu, apanhou muito da vida, mas manteve sua promessa. Morreu velho. Seus filhos sofreram menos e apanharam menos. Seus netos nada sofreram.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Servindo a Deus


- “Quero saber qual a melhor maneira ter uma vida de acordo com os princípios divinos” -

pediu.

- “Oração, penitência, reparação” - respondeu o monge.

- “E qual a pior maneira”?

- “Ofensas ao próximo”.

- “Pensei que a pior coisa fosse ofender a Deus”.

- “Está enganado. Deus está em toda parte, e você poderá encontrá-lo sempre que se

arrepender. Mas quando se ofende o próximo sem razão, ele pode partir para um lugar

distante, você não terá oportunidade de pedir perdão, e estará semeando infelicidade no

mundo”.

A camponesa e o imperador


O imperador de Akbar interrompeu sua caçada no bosque, ajoelhou-se e fez as preces da tarde. Nesse momento, uma camponesa que corria pela floresta atrás do marido perdido tropeçou no imperador ajoelhado.

Sem pedir desculpas, seguiu adiante. O imperador de Akbar ficou contrariado mas, como bom muçulmano, não interrompeu o que estava fazendo.

Meia-hora depois, a camponesa voltava contente, junto com o marido, quando foi presa e levada até Akbar.

“Explique-me seu comportamento desrespeitoso, ou será condenada”, bradou o imperador.

“Eu pensava tão intensamente no meu marido, que nada vi. Vossa Alteza pensava em alguém muito mais importante que meu marido, como foi que me viu?”

O soberano não respondeu nada. E mais tarde confidenciou aos amigos que uma simples camponesa lhe havia ensinado o sentido da oração.

terça-feira, novembro 20, 2007

E mesmo assim não acreditam


O índio Juan Diego caminha para a cidade do México quando vê uma senhora cheia de luz.

“Vá ao bispo. Sou a Virgem, quero ser honrada aqui”, diz a aparição.

Diego obedece, mas ninguém lhe dá importância. A Senhora pede outras vezes, mas o bispo diz que Juan está mentindo.

“Podia ter escolhido alguém mais respeitado e ilustrado, pois só assim a Igreja escuta”, reclama o índio com a Virgem.

“Eu lhes darei um sinal”, diz ela. E flores nascem no meio do deserto. Juan enche seu poncho com as flores e leva até a Igreja. Mesmo assim não acreditam.

Quando Juan abre o poncho para deixar as flores em cima da mesa, no tecido está gravada a imagem da Virgem.

A imagem passa a ser conhecida como Nossa Senhora de Guadalupe, a padroeira das Américas. Até hoje, todos os testes para provar falsificação deram resultados negativos.

Encontro no Posto Seis


O padre José Roberto, da Igreja da Ressurreição, no Rio de Janeiro, saía certa manhã bem cedo, quando seu carro foi cercado por três adolescentes.

“Passamos a noite em claro, padre”, disse um deles, em tom desafiador. “Pode imaginar onde estivemos?”

Como qualquer ser humano normal, José Roberto preferiu ficar quieto. Imaginou o que significa uma noite em claro naquela idade, sentiu medo pelos riscos que os garotos devem ter corrido, pensou na preocupação dos pais.

O adolescente que iniciara a conversa terminou por responder à própria pergunta: “ficamos na Igreja de N. Sra. Copacabana, adorando a Virgem. Saímos de lá tão eufóricos que viemos caminhando até aqui (cerca de 3 km), cantando alto, rindo, falando com todo mundo. Pelo menos uma das pessoas nos perguntou: ‘como é que vocês, tão jovens, não têm vergonha de estar bêbados a esta hora da manhã?’”

O padre José Roberto deu partida no seu carro, e seguiu em direção ao seu compromisso.

No caminho, se perguntou muitas vezes: “eu também me deixei levar pelas aparências, e cometi uma injustiça em meu coração. Será que algum dia o ser humano vai, finalmente, entender a frase de Jesus, ‘vocês serão julgados com a mesma medida com que julgam seu próximo?’”

segunda-feira, novembro 19, 2007

Do arrependimento sincero


O monge Chu Lai era agredido por um professor, que não acreditava em nada do que ele dizia. Entretanto, a mulher do professor era seguidora de Chu Lai - e exigiu que seu marido fosse pedir desculpas ao sábio.

Contrariado, mas sem coragem de contrariar a mulher, o homem foi até o templo e murmurou algumas palavras de arrependimento.

"Eu não o perdôo", disse Chu Lai. "Volte ao trabalho".

A mulher ficou horrorizada:

"Meu marido se humilhou, e o senhor - que se diz sábio - não foi generoso”.

Respondeu Chu Lai:

"Dentro de minha alma não existe nenhum rancor. Mas, se ele não está arrependido, é melhor reconhecer que tem raiva de mim. Se eu tivesse aceitado seu perdão, íamos estar criando uma falsa situação de harmonia - e isto aumentaria ainda mais a raiva de seu marido”.

Luta


Diz Antônio Carlos Magalhães, numa entrevista em “Interview”: “O homem tem que estar atento às circunstâncias. Elas são muito mais fortes que os nossos desejos. Às vezes, certas atitudes que você toma podem não ser atos de coragem, mas simples imprudências. Entretanto, você não pode, por prudência, perder seu brio. É muito comum um político tentar ser tão prudente, que acaba pecando por insensibilidade moral”.

“Quando brigar deve-se brigar para cima; é muito melhor. Brigar para baixo não lhe dá vantagem alguma, ninguém toma conhecimento, e ainda lhe acham um covarde. Mas brigar para cima faz com que lhe respeitem. Você pode até perder a briga, mas sempre sai mais forte”.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Trilhando o verdadeiro caminho


O mestre caminhava por um campo de trigo quando o discípulo aproximou-se: "Não sei como distinguir o verdadeiro caminho. Qual é o segredo?", perguntou.

"O que significa este anel no seu dedo direito?", perguntou o mestre.

"Meu pai me deu antes de morrer", foi a resposta.

"Pois me entregue", disse.

O discípulo obedeceu, e o mestre atirou o anel no meio do campo de trigo.

"E agora?", perguntou o discípulo. "Terei que parar tudo o que estava fazendo para procurar o anel! Ele é importante para mim!".

"Quando achá-lo, lembre-se: você mesmo respondeu a pergunta que me fez", disse o mestre. "É assim que se distingue o verdadeiro caminho: ele é mais importante que todo o resto".

O dia e a noite


O mestre reuniu seus discípulos e perguntou como era possível saber a hora exata em que a noite terminava.

- Quando podemos ver o primeiro brilho do sol – responderam todos.

- Nada disso. A noite termina quando podemos olhar no rosto de nosso irmão e ver que ele é o nosso próximo. Quando podemos nos levantar da cama sem nenhum remorso do que fizemos no dia anterior. Quando podemos dizer a nós mesmos que, custe o que custar, estaremos sempre agindo de acordo com a vontade de Deus.

- Enquanto não pudermos fazer isto, continuará sendo noite, mesmo que o sol esteja brilhando lá fora.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Descobrindo o Amazonas


O jesuíta Anthony Mello nos conta a história de um homem que, depois de muito viver e muito viajar, voltou ao seu povo. Reuniu os amigos e começou a discorrer sobre as maravilhas da Amazônia.
Todos ficaram muito entusiasmados, e o explorador deixou com eles um mapa, sugerindo que visitassem o local.
Anos depois, voltou a sua terra, e viu o mapa emoldurado na prefeitura. Um funcionário lhe disse:
- Isto é o Amazonas.
- Não, isso é um mapa do Amazonas! Vocês não foram visitá-lo?
- Para quê? - respondeu o funcionário. – Já estamos velhos, decoramos cada cachoeira, rio, montanha. Por que perder tempo indo até lá?

O pássaro está vivo?


O jovem estava no final de seu treinamento e, em breve, passaria a ensinar. Como todo bom aluno, ele precisava desafiar seu professor e desenvolver sua própria maneira de pensar. Capturou um pássaro, colocou-o em uma das mãos e foi até ele:

"Mestre, este pássaro está vivo ou morto?"

Seu plano era o seguinte: se o mestre dissesse “morto” ele abriria a mão e o pássaro voaria. Se a resposta fosse “vivo”, ele esmagaria a ave entre os dedos; assim, o mestre sempre estaria errado.

"Mestre, o pássaro está vivo ou morto?", insiste.

"Meu caro aluno, isto vai depender de você", foi o comentário do mestre.

terça-feira, novembro 06, 2007

Esperança


O homem caminhava pela estrada. Lembrava seu amor perdido e sua alma estava em prantos. "Pobre do ser humano que conhece o amor", pensava. "Jamais será feliz, com o medo de perder a quem ama".

Neste momento, escutou um rouxinol cantando.

- Por que você age assim? - disse o homem ao rouxinol.
- Não vê que minha amada, que gostava tanto de seu canto, já não está mais aqui ao meu lado?
- Canto porque estou contente - respondeu o rouxinol.
- Você nunca perdeu alguém? - insistiu o homem.
- Muitas vezes - respondeu o rouxinol.
- Mas meu amor continuou o mesmo.

E o homem sentiu mais esperança em seu caminho.

O grito no vale


O homem resolveu partir em busca de Deus. E foi atrás dos mestres, que diziam conhecer profundamente as razões pelas quais o universo havia sido criado e prometiam explicar o que Deus queria da humanidade.

- Mas quem lhes ensinou isso? - perguntava aos mestres - Foi o próprio Deus?

Os mestres diziam muitas palavras bonitas, mas não conseguiam definir exatamente quem os ensinara tudo que pregavam aos quatro ventos. Portanto, depois de alguns dias de aprendizado aqui e acolá, o homem sempre seguia adiante.

Em suas andanças, terminou conhecendo um vale, onde camponeses afirmavam que, em uma montanha próxima, Deus falava com quem se aproximasse.

E o homem foi para a montanha. Esperou durante três dias, jejuando e rezando, mas Deus não se aproximou. No quarto dia, já desesperado, ele gritou:
- Onde estás?

O eco respondeu:
- Onde estás?

E, a partir daquele instante, o homem compreendeu que Deus fazia a mesma pergunta e que também lhe buscava.

quinta-feira, novembro 01, 2007

reflexão


Siga em frente, mesmo com tantas pedras no caminho. Não adianta muito agente ficar pulando delas reclamando e nunca tira-las do lugar, você passa mas os problemas ficam, sempre é melhor resolver a situações do que deixalas para outro dia.