terça-feira, novembro 20, 2007

Encontro no Posto Seis


O padre José Roberto, da Igreja da Ressurreição, no Rio de Janeiro, saía certa manhã bem cedo, quando seu carro foi cercado por três adolescentes.

“Passamos a noite em claro, padre”, disse um deles, em tom desafiador. “Pode imaginar onde estivemos?”

Como qualquer ser humano normal, José Roberto preferiu ficar quieto. Imaginou o que significa uma noite em claro naquela idade, sentiu medo pelos riscos que os garotos devem ter corrido, pensou na preocupação dos pais.

O adolescente que iniciara a conversa terminou por responder à própria pergunta: “ficamos na Igreja de N. Sra. Copacabana, adorando a Virgem. Saímos de lá tão eufóricos que viemos caminhando até aqui (cerca de 3 km), cantando alto, rindo, falando com todo mundo. Pelo menos uma das pessoas nos perguntou: ‘como é que vocês, tão jovens, não têm vergonha de estar bêbados a esta hora da manhã?’”

O padre José Roberto deu partida no seu carro, e seguiu em direção ao seu compromisso.

No caminho, se perguntou muitas vezes: “eu também me deixei levar pelas aparências, e cometi uma injustiça em meu coração. Será que algum dia o ser humano vai, finalmente, entender a frase de Jesus, ‘vocês serão julgados com a mesma medida com que julgam seu próximo?’”

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